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Henry Selick: um ilustre desconhecido


Existem pessoas que trabalham no ramo do entretenimento (seja escrevendo, filmando, produzindo ou atuando) que simplesmente não conseguem a projeção necessária para serem lembradas e citadas casualmente. Existem várias razões para isso: falta de talento mesmo; poucas ou nenhuma oportunidade de mostrar o talento que têm; um reconhecimento injustamente modesto pelos trabalhos já feitos. E se há alguém que se encaixa na última categoria, esse alguém é Henry Selick.

Se você nunca ouviu falar desse nome, não tem problema nenhum, muito pouca gente conhece os trabalhos desse diretor ou já viu algum de seus filmes, mas simplesmente não ligou muito para sua presença nos créditos. Tendo na sua cinebiografia obras que nem meia dúzia de caboclos deve ter visto, Selick se destaca por fazer filmes bizarramente divertidos, com destaque para a parte do bizarro. Se você já viu “Monkeybone” e “Retorno a Oz” sabe do que eu estou falando e se não faz a menor ideia do que são esses filmes, dê uma rápida olhada no youtube para perceber que não foi pouco ácido que o cara ingeriu para começar a filmar.

Mas são de alguns filmes específicos dele de que eu quero falar. O mais estranho de Henry Selick não são só seus trabalhos, mas também o fato de, por causa de alguns deles, ser muito confundido com outro diretor (esse, mil vezes mais reconhecível) que traz uma estética muito semelhante no seu estilo: Tim Burton.

A ideia aqui é fazer um breve TOP 3 com os filmes de Selick que mais fazem as pessoas confundi-lo com Burton (ironia ou não, são esses três para mim suas melhores obras). Então vamos aos escolhidos:


  1. O Estranho Mundo de Jack

Sim, acreditem se quiserem: não foi Tim Burton quem dirigiu o adorado e conhecidíssimo Nightmare Before Christmas de 1993. E se tem uma razão para Henry Selick não ser lembrado como diretor desse filme é porque muita gente pensa o contrário.

Para escapar de qualquer suspeita é só dar uma olhada nos créditos e ver que Burton é só produtor do filme, mas é muito comum que se pense imediatamente neste quando se lembra do estilo infantil-gótico e no humor negro da aventura de Jack.

Apesar das semelhanças e aparências, seria injusto tirar o mérito de Selick como verdadeiro pai do cabeça de abóbora. A qualidade que apresentou nesse trabalho viria a se repetir em outros posteriores sempre mantendo seu estilo que não imita o de Burton (muito pelo contrário), mas sim desenvolve uma personalidade própria com base numa temática em comum. Exemplo tosco com certeza, no entanto dá para dizer (forçando um pouco) que, se Selick é uma xerox de T. B., o mesmo vale para “Uma Família da Pesada” (Family Guy) e “Os Simpsons” ou “Fringe” e “Arquivo X” (X Files).


  1. James e o Pêssego Gigante

É difícil dizer se esse aí é um filme tão pouco assistido assim. Conversando com várias pessoas eu pude ver que, para muita gente, “James e o Pêssego Gigante” foi algo muito presente durante a infância, mas, parece até maldição do Selick, ele é muito pouco lembrado.

Mas uma vez usando a técnica do Stop-Motion (onde a animação é feita filmando, quadro por quadro, a movimentação dos modelos dos personagens feita à mão), o diretor só reforça que é um dos poucos que consegue fazer coisas incríveis com um modelo de filmar já tão desvalorizado.

O filme em si parece um grande conto fantasioso que usa e abusa de todos os clichês possíveis: temos um protagonista e sua jornada, os coadjuvantes (um mais bizarro que o outro) seguindo os mais diversos arquétipos (a centopeia bom vivant, o grilo sábio, a joaninha como figura materna, etc.). Mas, só porque segue uma fórmula já estabelecida, não há demérito nenhum na simplicidade de "James e o...". Na verdade, a maior das qualidades do filme é que ele não tenta ser algo que não é, só basta entender a ideia que ele quer passar.

  1. Coraline


Se há quase vinte anos atrás se podia respeitar Henry Selick por dar continuidade à tradição dos Stop-Motion com seus longas animados, o que dizer quando ele continua a fazer isso hoje, quando a computação gráfica domina a indústria do cinema, e ainda em 3D?

Muitas décadas atrás, filmes como o “King Kong” original, “Jasão e os Argonautas” e “Simbah, A Lenda dos Sete Mares” impressionavam tanto quanto um “Avatar” o faz hoje em dia. Os efeitos especiais analógicos viveram, com estas produções, uma época de ouro em que a criatividade, o esmero e o cuidado estavam acima de orçamentos. Atualmente, a realidade é completamente diferente, tornando algo tão peculiar (acho que essa é a melhor palavra) quanto “Coraline” merecedor de uma recomendação.

Primeiro de tudo, o filme é baseado no livro infantil de Neil Gaiman, adaptando a obra deste que é um dos mais cultuados e prestigiados escritores dos últimos tempos (muito mais sobre ele em posts futuros com certeza). A produção segue bem fiel ao original, tendo sido acompanhada bem de perto e aprovada pelo próprio Gaiman.

Como já foi dito antes, se trata de uma animação em Stop-Motion. O que demonstra muita coragem, uma vez que se pode contar nos dedos aqueles que ainda tem disposição para encarar o trabalho monumental que é filmar com essa técnica (pode-se citar Tim Burton com “A Noiva-Cadáver”, a Aardman Animations – “Fuga das Galinhas”, “Wallace & Gromit”). Como se não bastasse, fazer tudo isso apostando num planejamento de filmagem todo voltado para o 3D (isso quer dizer que não são só coisas voando na sua cara).

O resultado final é uma animação que não deve em nada aos super-orçamentos de computação gráfica, uma história que não procura as facilidades e lugares comuns de outras produções e mais um ponto alto na carreira de Henry Selick que, espero eu, tenha ainda muitos outros trabalhos pela frente junto com um reconhecimento maior por tudo que tem feito até hoje.



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