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Cinema

Os usos e abusos do 3D

O cinema pode assumir várias formas e maneiras de funcionar. E, com certeza, o tipo de cinema que mais se consome hoje em dia, é o da produção industrial de filmes voltadas para o lucro e buscando um apelo cada vez maior para chegar nesse objetivo.

Até aí nenhuma novidade. Não é por nada que a aposta em franquias de sucesso com retorno amplo garantido seja uma prática mais do que comum. Hoje em dia, quando se assina um contrata para a produção de um filme, já colocam as prováveis sequências (geralmente formando uma trilogia) deste no mesmo pacote, mesmo que nem se tenha pensado num roteiro para as continuações. E é assim que a vida é.

Mais também tem um problema meio constrangedor: as pessoas não precisam mais ir ao cinema para verem um bom filme com qualidade. O acesso a dowloads de alta definição, a aparelhos de televisão e de som que só tornam a experiência de que assiste mais completa são um tanto desestimulantes para quem costumava frequentar toda semana a sala escura. Então não se trata mais de ter alguns milhões de bilheteria garantidos com a continuação do blockbuster do verão passado, mas sim de fornecer alguma coisa diferente para quem se dispuser a sair de casa e pagar pelo ingresso. Particularmente, acho que a tecnologia 3D, especialmente de 2009 para cá, foi a grande escolhida como solução para esses problemas que tiram o sono dos grandes produtores.

Não querendo ser previsível mas já sendo (e muito), basta pegar o exemplo que melhor mostra o quanto a indústria está colocando sua fé na tecnologia: Avatar. Já houveram muitos filmes feitos em 3D, a existência da maioria pode ser ignorada tranquilamente, mas o que se pode observar é que esse tipo de produção busca dar um destaque ao fato de terem coisas saltando da tela na sua direção, sem se importar muito para pequenas coisas como roteiro, personagens, narrativa, etc, e com Avatar não poderia ter sido diferente. A mega alardeada produção de James Cameron teve em seu marketing “3D”, “revolução”, “inovação tecnológica” e “oh meu Deus, sua vida nunca mais será a mesma !” como palavras e termos mais do que usados e repetidos. Até aí nenhuma novidade, mas o que acontece é que o público de fato comprou a ideia de que, se não fosse para assistir no cinema, de óculos e de preferência no I-Max, não seria a mesma coisa. O desafio foi aceito e o resultado pode ser visto tranquilamente: maior bilheteria da história, indicação a vários dos principais prêmios, inclusive o Oscar, etc.

O que isso tudo quer dizer? Significa que Avatar foi a prova de fogo do 3D. A proposta prometia levar as pessoas ao cinema e cumpriu o dever com uma obra que mostra o que a tecnologia pode fazer em um filme verdadeiramente pensado para sua utilização. Até aí tudo muito legal, o problema vem com o depois.

Vale dizer aqui que, produtores de cinema de Hollywood são, antes de qualquer coisa mesmo, seres com toda a sua capacidade mental voltada para fazer dinheiro. A questão é que os meios que eles encontram para isso pode, muitas vezes, não ser tão agradável para os dois lados. Assim, a lógica que segue uma fórmula 2+2=4 diz: Título do filme+3D=$$$$$$. Beleza, tudo muito legal, como colocar isso em prática? Fazer que nem tio James Cameron e usar todo o aparato técnico digno de ficção científica disponível para fazer um 3D de saltar os olhos? É...parece legal.

“Mas espera um pouco (produtor pensando), eu tenho um filme aqui já sendo finalizado, uma pena que eu não filmei em 3D, teria sido legal. Ah, tudo bem, é só pegar o corte final, mandar para uma pré-produção e converter para 3D. É mais barato e demora pouco tempo, puxa vida, como eu sou esperto... (risada maligna ao fundo)”.

E essa onda preocupante de filmes convertidos para o 3D é que vem preocupando gente como o próprio James Cameron, que defende com unhas e dentes a concepção dos filmes desde seu início. Produções como “Harry Potter”, “O Último Mestre do Ar” e “Fúria de Titãs” já estão com suas conversões anunciadas ou concluídas. Preocupante é verificar que, no caso da última, a maioria esmagadora das críticas ressaltou a péssima qualidade do 3D, o que só serve como mais um alerta de que essa estratégia tão maravilhosa pode ser um tiro pela culatra.

Bem, acho que para os produtores fumando charutos cubanos e bebendo whisky de U$150,00 a dose isso tudo pode estar sendo como uma viagem à Disney. Mas infelizmente eu não sou um dos que está ganhando rios de dinheiro com isso, na verdade é bem o contrário. Não tenho ideia se o 3D é o futuro definitivo ou se ele é o novo cinema colorido, nem acho que dê para fazer essas comparações com alguma base. Porém, como quem adora cinema de verdade, é preocupante ver casos como o de “Fúria de Titãs” se tornarem regra. Penso que, acima de tudo, se você está pagando por aquelas hora de frente para aquela tela, você tem todo o direito de cobrar um bom uso do seu dinheiro, porque passando de certo ponto já é forçar muito a amizade.


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