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Livros

As fogueiras de Noethampton

Mais uma recomendação bem rápida, dessa vez de um livro e, se convencer, de todos os trabalhos do escritor dessa obra.

Antes de qualquer coisa, uma verdade incontestável: Alan Moore é O cara. Acho muito difícil encontrar tanto hoje quanto no passado alguém que conseguiu alcançar um nível de qualidade tão alto numa quantidade tão variada de obras, que vão desde livros até (em maior número) quadrinhos.

Depois de ter escrito obras-primas como “Watchmen”, “V de Vingança”, “Monstro do Pantano” e várias outras, o inglês barbudo fez seu primeiro debute nos livros com “A Voz do Fogo” e acerta incrivelmente como não poderia deixar de ser.

Em “A Voz do Fogo” (Conrad Editora, 331 páginas, preço sugerido de R$42,00) temos 12 contos que se passam, cada um, em períodos históricos distintos e com personagens diferentes, abrangendo uma linha temporal de que vai de 4000 a.C. À 1995 d.C. Mas como não poderia deixar de ser, todos esses capítulos auto-contidos, apresentam elementos em maior ou menor evidência que criam o elo entre os contos. O principal desses é o lugar onde as tramas se desenvolvem: a cidade de Northamptonshire, onde vive o próprio autor, que busca deixar claro durante todo o livro o quanto o lugar está cercado pelo bizarro, mágico, incompreensível e também pela maldade e escrotidão das pessoas que ajudaram a fazer da cidade o que ela realmente é.

Então, é com fogueiras, cachorros negros de olhos vermelhos e pés para fora da terra que Moore mostra como tudo de sujo, errado e irracional no ser humano e sua relação com o inexplicável serviu para estabelecer o que hoje é Northampton. O autor chega a se incluir na última parte do livro, mostrando que sua vida também não deixa de fazer parte dessa grande história que constrói em pouco mais de 300 páginas.

“A Voz do Fogo” é para ser lida várias e várias vezes não só pela sua grande qualidade mas também pela riqueza de particularidades e sutilezas na escrita. O primeiro capítulo, por exemplo, conta a história de um menino do neolítico após ser abandonado pela sua tribo narrada em primeira pessoa. E não é nada menos que impressionante ver todo o trabalho que o autor teve para construir a maneira como uma criança do ano 4000 a.C. enxergaria o mundo e se expressaria com relação a isso. Difícil de entender? Então leia um trecho de “O porco do bruxo”:

“E em cima de eu está muitas feras-de-céu, grandes, cinzentas. Devagar é se movimentam, que elas nem está com uma força em elas. Pode que elas querem comida, é como eu, quer o mesmo. Uma de elas está com vazio em barriga agora, cabeça de ela arranca e sai flutuando. Ela corre mais rápido para trás, quer pegar cabeça. Em baixo de céu é grama e bosque, vai até muito longe, é onde eu vejo outra colina. Depois tem só árvores pequenas que crescem onde mundo acaba.”

“A Voz do Fogo” é um livro para que merece ser dada uma chance. Não entra no lugar comum do mainstream e não tem medo de ousar dentro da sua proposta. Como não poderia deixar de ser quando se fala de Alan Moore, fica aqui uma muita justificada referência.

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